Não espero nada de ti...
Que incendeies no Sol de Setembro
Que enchas cestos do desbaste da vinha
Que combatas dragões por mim
Ou persigas, incansável, moinhos de vento
Que com grinaldas me coroes rainha
Que seja cúpula na tua torre de marfim.
Permanecendo imóvel no centro
Das espirais que traço sozinha
Sei não seres o que diz que sim
Trazes rugas da eternidade do tempo
Espremem-se as uvas e resta a grainha
Como era o princípio assim seja o fim
Não espero nada de ti...
Que a chuva seja ainda assim quente
Que seja eterna a carne do abraço
E se esconda a coisa mais querida
Na caixa da Lua no quarto crescente
Os montes. Extraímos o engaço
e da uva fermentada quis-se bebida
E sonhamos sob a estrela cadente
Farol de Alexandria do nosso cansaço
Não espero que sejas fruta mordida,
Dês palavras ao meu silêncio dormente
Sejas a paisagem por onde passo
Ou filtro da superfície áspera da vida
Não espero nada de ti...
Que sejas fluido e venhas solto
Em passos deslizantes a verter
Nevando contra o molde da filosofia
E equilibro o controlo e abondono
Dos gestos maiores que o teu ser
Desenha numa perpétua acrobacia
O teu gosto. Quase vinho, ainda mosto
Não espero que consigas entender
Que é na terapia que renasce a fobia
E me beijes e leves o sal do sonho
E haja pontes do que há-de haver
Raios coerentes difractados em poesia
Não espero nada de ti...
A planta que desperta no interior
Sorri ao reconhecer a Aurora
Ainda sem nunca lhe ter pertencido
Tocam alaúdes. Acorda o trovador
E eu sou esta. Aquela que não chora
Quando em vez da musica ha ruído
Na primeira procissão vai no andor
O santo de que sou fiel adoradora
Um credo fixo é credo falso sentido
E por isso, entre outras coisas, meu amor
Não espero que sejas aqui e agora
Na poeira cósmica do recém-nascido
Echo & The Bunnymen
Wednesday, July 18, 2007
VIAGEM AO CENTRO DE MIM
Posted by
Poker Queen
at
12:38 PM
|
Subscribe to:
Comment Feed (RSS)